1- Me chamo Felipe Monteiro. Sou redator e roteirista publicitário em Maceió. Os livros que minha mãe lia e os causos interioranos que vinham de minha avó me trouxeram a paixão pelas histórias. Hoje, aos 27 anos, procuro histórias novas o tempo todo. Minhas ou de outras pessoas. Longe da figura do autor recluso, é das minhas próprias experiências que vem a inspiração para o meu trabalho. Por isso, não perco uma oportunidade de observar o movimento na rua, encontrar pessoas, ou fugir para a praia. Sempre volto com alguma ideia. 2- O edital da Cyberus foi o primeiro que resolvi participar. Não costumo divulgar meus trabalhos, além da esfera publicitária. Meus contos permaneceram guardados por anos. Abri exceções apenas para pessoas muito próximas e foram justamente elas que me convenceram a começar a botar as histórias no mundo recentemente. 3- Na literatura, o estilo ríspido de Graciliano Ramos, os questionamentos de Camus, o horror psicológico de Edgar Allan Poe e a ironia de Douglas Adams foram essenciais para encontrar a minha escrita e temas, ainda que eu não ache o meu estilo parecido com nenhum deles. Sendo um apaixonado por cinema, também me inspiro em grandes mestres como Tarkovski e Bergman. Por mais diferentes que sejam todos esses nomes, todos têm duas coisas em comum: focar num micro (personagem) para discutir o macro (contexto), e o uso necessário de vocabulário. Em poucas palavras, não há enrolação. Jogam o foco para a criação, e não para o criador. 4- Nos últimos meses, tenho estudado o Cangaço como movimento. Voltando às inspirações, “Cangaços” de Graciliano foi uma obra que li recentemente e me fez mergulhar nesse mundo. Vi o edital da Cyberus e as duas coisas se misturaram na minha mente. O clássico “E se…?”. Creio que a maior dificuldade tenha sido que a história me pedia interações que beiravam a ação como gênero. Um bando de cangaceiros, todos armados, enfrentando zumbis. Algo numa escala bem diferente do minimalismo que tenho costume de escrever. Fiquei feliz com o resultado. 5 - Encontre o equilíbrio entre estudo e prática. Vejo muita gente achando que já sabe escrever, que não precisa estudar estruturas e elementos narrativos pois já tem seu próprio estilo, trazendo histórias genéricas, que não prendem quem lê. Para quebrar regras é preciso conhecê-las. Por outro lado, já conheci pessoas que estudavam o storytelling com tanto afinco que era a única coisa que faziam. Gastaram anos sem produzir nada. Esperavam o momento em que saberiam tudo para trazer a história perfeita. Os que criaram coragem para produzir se depararam com a barreira absurda da prática, a criatividade. Dezenas de estruturas narrativas na cabeça, e nenhuma história. Por vezes, travavam na escolha das palavras. Pratiquem!
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May 2024
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